Origem

Há aproximadamente 30 anos foi desenvolvida a cirurgia videolaparoscópica, também conhecida como cirurgia minimamente invasiva. Ela possibilitou a realização de procedimentos cirúrgicos por meio de incisões pequenas e pouco traumáticas — esses procedimentos eram antes empreendidos por meio de grandes e desconfortáveis aberturas na parede abdominal.

Por meio da cirurgia videolaparoscópica o cirurgião introduz no paciente uma microcâmera que captura e transmite imagens coloridas de alta definição, em duas dimensões, para um monitor. Além disso, esse tipo de cirurgia permite o uso de diversos tipos de pinças e de dispositivos que tornam possível a realização de praticamente todos os procedimentos necessários em intervenções na cavidade abdominal.

A cirurgia videolaparoscópica representou uma revolução na prática cirúrgica ao permitir maior precisão na realização dos procedimentos, com menor trauma aos pacientes e recuperação mais rápida. Hoje o método é o procedimento padrão na maioria dos centros desenvolvidos.

Robôs cirúrgicos

Na última década tornou-se disponível a cirurgia assistida por robô, que é uma evolução da cirurgia videolaparoscópica ou minimamente invasiva. O sistema robótico é composto por um conjunto de recursos instalados no paciente por incisões mínimas, por onde são introduzidos o sistema de captura de imagem e as pinças — que são manipuladas remotamente pelo cirurgião.

As imagens ampliadas até 10 vezes, em full HD e 3D, são transmitidas para uma mesa chamada console, localizada na própria sala cirúrgica, onde se encontra o cirurgião, que fica sentado em posição confortável e ergonômica. Pelos controles do console, ele manipula os braços do robô, que segura as pinças e a câmera.

Cirurgião manipulando controles em console de cirurgia robótica

Cirurgião manipulando controles em console de cirurgia robótica

As diversas pinças têm a característica de reproduzirem com vantagem os movimentos da mão do cirurgião, com movimentos de até 360° de rotação, o que proporciona um alcance que nenhuma outra modalidade cirúrgica oferece. O sistema também filtra eventuais tremores, agregando extrema delicadeza, precisão e segurança aos movimentos. As imagens em full HD e 3D fornecem maior nitidez e noção de profundidade.

O robô não tem qualquer atuação autônoma. Qualquer movimento realizado por ele é determinado pelo cirurgião por meio dos controles do console. Diante de qualquer situação imprevista, ou mesmo se o cirurgião afastar os olhos do dispositivo de visualização de imagens, a tecnologia robótica aciona mecanismos de segurança que travam provisoriamente a máquina e evitam danos ao paciente.

O procedimento videolaparoscópico assistido por robô deve ser realizado por cirurgião treinado e habilitado na plataforma robótica.

Junto ao paciente e robô, ficam: cirurgião auxiliar, instrumentadora, anestesista e enfermeiro treinado em cirurgia robótica. A qualquer momento da operação, se o método não se mostrar adequado, a operação poderá ser convertida para a modalidade laparoscópica ou mesmo cirurgia convencional. A cirurgia auxiliada por robô consiste em recurso menos invasivo do que cirurgias abertas, e ainda mais preciso e delicado do que a cirurgia videolaparoscópica.

Essas características determinam menor perda sanguínea, menor probabilidade de infecções, menos dor pós-operatória, maior precisão no ato cirúrgico e muitas vezes recuperação mais rápida e confortável. Como consequência, um retorno abreviado para as atividades cotidianas.

É importante frisar que trata-se de uma inovação que vem se consagrando mundialmente, com baixas taxas de complicações e com vantagens cada vez mais claras sobre os métodos tradicionais. Não deve mudar as expectativas do resultado cirúrgico desejado; porém, além das vantagens já mencionadas, é uma ferramenta importante para aprimoramento do bom trabalho do cirurgião.

Atualmente os procedimentos mais beneficiados pelo auxílio robótico são os seguintes:

  • Tratamento de hérnias da parede abdominal (simples e complexas).

  • Tratamento cirúrgico da doença do refluxo gastroesofágico, principalmente nas reoperações.

  • Tratamento cirúrgico das neoplasias digestivas, como as do estômago e do intestino.

  • Tratamento cirúrgico da obesidade grave (bariátrica) e de doenças metabólicas (diabetes tipo II), principalmente em pacientes com Índice de Massa Corpórea (IMC) muito elevado, e nas cirurgias revisionais (reoperações).